Todo final de ano, como um ritual quase sagrado, os brasileiros começam a fazer contas e sonhos com aquele valor extra que chega para aliviar ou complicar um pouco mais a vida financeira: o tão esperado décimo terceiro salário.

Na mesa do café, enquanto o pão esquenta na chapa e o cheiro de café fresco toma conta da cozinha, dona Maria e seu José discutem como esse dinheiro será gasto. “Vamos pagar as contas atrasadas ou investir no Natal das crianças?”, pergunta ela, já olhando as propagandas coloridas dos brinquedos.

O décimo terceiro é mais do que uma gratificação; é uma esperança. É aquele respiro financeiro que muitas vezes decide entre presentear ou quitar dívidas. José pensa na televisão nova que a família tanto deseja, mas logo se lembra das faturas empilhadas na gaveta da cômoda.

Na fábrica onde trabalha, a conversa não é diferente. Os colegas discutem o cálculo complexo que parece sempre escapar da compreensão. “Se trabalhei o ano todo, por que recebo menos de um salário inteiro?”, questiona João, enquanto divide um sanduíche com Pedro no intervalo. E assim, entre dúvidas e cálculos, vão tentando entender seus direitos trabalhistas, lembrando-se das explicações complicadas sobre avos e descontos.

Olhando pela janela, José reflete sobre quantas vezes esse dinheiro já salvou o Natal e quantas outras só serviu para tapar buracos. Ele sabe que cada centavo precisa ser contado, mas não deixa de sonhar em ver a alegria nos olhos dos filhos ao abrir os presentes.

No final das contas, o décimo terceiro é mais do que números; é uma dança delicada entre desejos e necessidades, entre o presente e o futuro. E enquanto isso, a vida segue com suas contas e sonhos entrelaçados, esperando que o próximo ano traga mais do que apenas um salário extra.