Todo mês, na pequena casa de Dona Maria, o calendário pendurado na parede não marca apenas os dias que passam. Para ela e muitos outros brasileiros, ele simboliza a contagem regressiva para um alívio temporário, mas vital: o dia do pagamento do Bolsa Família.

Enquanto tomávamos um café forte na sua cozinha, Dona Maria me contou sobre como aquele dinheiro fazia diferença. “Não é muito, mas é o suficiente para garantir o feijão e o arroz da semana”, ela dizia, com aquele sorriso que só as mães sabem dar, cheio de esperança e resignação. O programa Bolsa Família é mais que uma ajuda financeira; é uma promessa de dias menos difíceis.

Na fila do banco, onde muitos se conhecem pelo nome e histórias, as conversas giram em torno de contas a pagar, dos filhos que precisam de material escolar e dos sonhos adiados até o próximo mês. É ali que se compartilham receitas de economia doméstica e se criam laços de solidariedade improváveis.

O calendário do Bolsa Família 2024 já está na mente de todos. É como se cada data marcada fosse um lembrete silencioso do compromisso do país com seus cidadãos mais vulneráveis. O NIS (Número de Identificação Social) que cada um carrega é mais que uma sequência de números; é uma identidade, uma conexão com um sistema que promete apoio.

Para muitos, o Bolsa Família é uma âncora num mar revolto. Ele não resolve todos os problemas, mas traz um pouco de estabilidade em meio ao caos. E assim, entre as folhas do calendário e a esperança de dias melhores, segue a vida em suas nuances mais simples e complexas.

Dona Maria se despede com um abraço apertado e a promessa de que, na próxima visita, teremos pão caseiro. E eu saio dali pensando que, em um país tão vasto e diverso como o nosso, cada dia marcado no calendário é uma pequena vitória contra a incerteza.