Sob o céu cinzento de Santa Catarina, as nuvens carregadas se acumulam como velhos conhecidos que trazem lembranças de tempos difíceis. As chuvas, sempre tão aguardadas para acalmar o calor do verão, agora chegam com uma intensidade que assusta. Os rios, antes serenos, se agitam e as ruas se transformam em corredeiras apressadas.

É curioso como a memória coletiva guarda histórias de outras enchentes, de quando as águas transbordaram e tomaram as cidades de assalto. Lembro-me das histórias contadas por minha avó sobre a grande cheia de décadas atrás, quando a comunidade se uniu para salvar o que podia e consolar os que perderam tanto. Eram tempos difíceis, mas havia um espírito de solidariedade que aquecia os corações.

Hoje, não é diferente. As redes sociais se enchem de avisos, alertas e também de gestos de bondade. Vizinhos que abrem suas casas para aqueles que precisam de abrigo, voluntários que distribuem alimentos e roupas, e um senso de união que só é visto em situações assim.

A ciência nos diz que as mudanças climáticas intensificam esses eventos naturais, tornando-os cada vez mais frequentes. É uma realidade que precisamos enfrentar com preparo e consciência. Mas, acima de tudo, é uma oportunidade de revisitar nossas tradições e aprender com o passado para construir um futuro mais seguro.

Enquanto as águas avançam e recuam, Santa Catarina continua a resistir. Sob as chuvas, há esperança e a certeza de que, juntos, podemos superar qualquer tempestade. E assim, à medida que as nuvens começam a dissipar, resta-nos a tarefa de reconstruir e proteger o que amamos, sempre com um olhar atento ao céu e ao que ele nos reserva.